Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2018

Anotações sobre o grande desastre

POR  GILBERTO MARINGON  29/10/2018 Ao colocar o foco central na figura de Lula, PT renunciou a politizar a eleição, e a fazer o debate sobre projetos de país. O caminho estava aberto para um aventureiro. Agora, tudo está por reconstruir Por  Gilberto Maringoni  | Imagem:  Max Beckmann ,  A Noite  (1919) A maior proeza de Jair Bolsonaro não foi ter vencido as eleições. Foi ter imposto sua agenda para toda a disputa. E esse – contraditoriamente – pode ser seu calcanhar de Aquiles no governo. A mercadoria que prometeu vagamente entregar – “mudar isso que está aí” – pode não constar de seu estoque. Esse é tema para outro artigo. Quero me deter no caminho que percorremos até aqui. Há uma pergunta essencial a ser respondida: por que, num país de 14 milhões de desempregados, com uma recessão sem sinais claros de reversão, em processo acelerado de desindustrialização e com serviços públicos rumando para o colapso, a agenda eleitoral se voltou para uma pauta claramente moral

Extrema direita, fenômeno global

Que une a ascensão de Jair Bolsonaro com a ameaça do neo-fascismo em outros países ocidentais. Como o caso brasileiro pode servir de alerta e ensinar. Por Glenn Greenwald, no Intercept Brasil Ao obter uma expressiva vitória por mais de 10 pontos de diferença, o autoritário de direita Jair Bolsonaro tornou-se, disparado, o líder mais extremista do mundo democrático. Ainda que algumas das dinâmicas por trás da sua vitória sejam exclusivas ao Brasil, há também muitos paralelos com as correntes políticas que vêm predominando na América do Norte, Europa Oriental e, cada vez mais, na Europa Ocidental. Para entender os sentimentos que levaram a vitória de Bolsonaro, é fundamental que o establishment político brasileiro reconheça e conserte as sérias falhas que permitiram a ascensão do extremismo. E é crucial que todos nós compreendamos quais táticas funcionam e quais não funcionam quando se está diante desse tipo de autoritarismo e repressão.  Nesse sentido, eu exploro, no vídeo aci

Manipulação eleitoral: a conexão Whats-Facebook

–  30 DE OUTUBRO DE 2018 Softwares ilegais permitem obter milhões de telefones de usuários do Facebook, segmentados por grupo social. Feita a colheita, vem o bombardeio de mensagens dirigidas, via Whatsapp Por  Matheus Magenta, Juliana Gragnani  e  Felipe Souza,  na  BBC Brasil Para alcançar mais eleitores, campanhas políticas obtiveram neste ano programas capazes de coletar os números de telefones de milhares de brasileiros no Facebook e usá-los para criar grupos e enviar mensagens em massa automaticamente no WhatsApp. Esse tipo de ferramenta custa até R$ 1.300 e é facilmente encontrado na internet, com nota fiscal ou mesmo pirata, evitando rastros em prestações de conta. Há dezenas de vídeos explicativos no YouTube e nos sites das empresas que oferecem esses serviços, acessíveis mesmo para quem tem pouca experiência com computadores. Tradicionalmente, vendedores de empresas de cosméticos e nutrição eram os principais compradores desses aplicativos. Nestas eleições, a

Paulo Arantes vê o Brasil sem rumos

–  14 DE NOVEMBRO DE 2018 “A classe dominante tornou-se destrutiva e está apostando todas as fichas em tirar sua castanha do fogo com o braço da delinquência fascista. Mas a decepção virá breve” Por  Rute Pina  e  Emilly Dulce , no  Brasil de Fato Conhecido por definir o Brasil como uma “democracia de baixa intensidade” ou “democracia racionada”, o filósofo Paulo Arantes não explicaria o fenômeno Bolsonaro por essa perspectiva. Para analisar a vitória do candidato da extrema direita nas eleições deste ano, o professor aposentado do departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) questiona, inicialmente, qual é o tipo de regime que vivemos desde o fim da ditadura militar (1964-1985). Segundo ele, o Brasil está ingovernável e o pilar desse contexto é o renascimento da política como luta. “A encrenca brasileira é essa: abriu-se a porteira da absoluta ingovernabilidade no Brasil. O que nós temos agora é um comportamento destrutivo da classe dominante brasileira que

O Brasil em meio a dois projetos

  SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES –  ON 16/11/2018 Quem compõe o minúsculo grupo – 0,01% da população – que criou as condições para a vitória de Bolsonaro. Por que esta gente rompeu com a democracia. Como formular saídas Por  Samuel Pinheiro Guimarães  | Imagem:  Pawel Kuczynsk i 1. Dois projetos para o Brasil se confrontam desde 1930, alternaram-se no poder desde então, confrontaram-se no dia 28 de outubro de 2018 e continuarão a se confrontar durante todo o governo de Jair Bolsonaro. 2. O primeiro é o projeto do Mercado. É o projeto dos muito ricos, dos megainvestidores, das empresas estrangeiras, dos rentistas, dos grandes ruralistas, dos proprietários dos meios de comunicação de massa, dos grandes empresários, dos grandes banqueiros, e de seus representantes na política, na mídia e na academia. É o projeto de uma ínfima minoria do povo brasileiro. 3. Cerca de 30 milhões de brasileiros apresentam declaração de renda anual onde revelam ter rendimento superior a dois sal