O golpe de Estado que confiscou o mandato da presidente Dilma Rousseff e feriu de morte a soberania do voto, pedra angular da democracia representativa, não se consumou no dia 31 de agosto, quando o Senado Federal, prostrando-se de cócoras para ficar no mesmo nível da Câmara dos Deputados do dia 17 de abril, votou o impedimento. A arquitetura do processo golpista remonta ao final das eleições de 2014, quando o PSDB primeiro tenta eivar de fraude o processo eleitoral, e em seguida, interpõe recurso junto ao TSE visando à cassação da chapa Dilma-Temer, o que, não sabiam os tucanos naquele então, poderá brevemente lhes trazer sérias dores de cabeça. Outra peça dessa articulação golpista, que não foi obra dos céus nem produto do acaso, foi a eleição de Eduardo Cunha (o líder efetivo do PMDB) e, na sequência, a utilização da Câmara dos Deputados como instrumento de desestabilização do governo. O presidente defenestrado da Câmara, líder do baixo clero