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O Exercício do Poder depende da excelência intelectual?


Nem tanto, já que é possível seduzir, induzir pensando mal, pensando errado, e atrair apoio; mais do que isso, para se conseguir o apoio da maioria é quase que necessário se pensar de forma errada. Por que? Porque a verdade e o certo na sua completitude, integralidade e complexidade é inacessível a um maior número de pessoas.

...é por isso que eu uso esse tampão. Se dá bem, é quem convence o maior número. Quem se dá bem é quem toma a palavra e com a palavra consegue a adesão do maior número a uma tese que lhe seja favorável. Então é claro que você rapidamente se dá conta de que havia uma competência imprescindível para triunfar nesse esquema. Que é a capacidade de persuadir, com a palavra.

Continuando: se a boa argumentação, era a argumentação que tinha como consequência a adesão do maior número, o que é que tinha de ser dito pelos oradores? Aquilo que despertasse a adesão do maior número. Isso significa o que? Isso significa que os argumentos, eles não eram bons ou ruins, em função deles mesmos, ou eventualmente como consequência de algum atributo de veracidade, não! Os argumentos somente eram bons se e somente se conseguissem a adesão do maior número. Perceba a qualidade do argumento, o valor do argumento, não está na sua lógica interna; a qualidade e o valor do argumento está na consequência, que esse argumento produz, quando em contato com um certo auditório. Em outras palavras, se você trocar o auditório, é muito provável, que você tenha que trocar o argumento. Porque o argumento vale, na medida da eficácia para aquele auditório específico. Isso significa o que? Que talvez você tenha que dizer coisas diferentes; quiça contraditórias entre si, dependendo de quem estiver ouvindo. Isso significa o que? Que pouca importa se você está dizendo a verdade, se o que você está dizendo é logicamente sustentável, se o que você está dizendo é filosoficamente confiável, o que importa é que se aquelas palavras produzirão o efeito desejado de aplauso, condição da vitória na Ágora, do exercício do poder e do triunfo de um desejo em detrimento de outros desejos. Quem eram os grandes nomes da Ágora? Os monstros sagrados da Ágora? Eles eram os comumente denominados de sofistas e havia entre eles alguns melhores do que outros.

 Verdadeiros demônios da Ágora! Certamente os maiores oradores da história da humanidade.Como parecem ter sido Górgias e Protágoras. Então quem eram esses caras? Do que eles viviam? Como é que eles enriqueceram?

Primeiro eles defendiam pontos de vista que lhes fossem favoráveis. Depois eles alugavam a sua verve -calor de imaginação que anima o artista- para quem quisesse ter os interesses defendidos por eles. Então eles eram ao mesmo tempo legisladores e lobistas. Vamos imaginar que você seja gago. O indivíduo gago, na Ágora ateniense, não teria a menor chance de vitória. Então o que faz o gago. O gago é burro? Não ele é gago. Gago é mentiroso?Não ele é gago. o problema é que a gagueira era um obstáculo invencível naquele sistema de jogo. Então o que fazia o gago? Ele contratava Górgias. Ele dizia:
 Olha, você precisa ir lá defender isso aqui. Beleza! Eu cobro tanto. Então está aqui o dinheiro. E lá ia Górgias para a vitória! Em nome do interesse do gago.

 Se fosse um mudo, e o interesse fosse o contrário do interesse do gago, Górgias ganharia para o mudo. E provavelmente diria o contrário do que disse em favor do gago. Porque o que importa não é a eventual verdade do argumento. Mas a sua eficácia persuasiva. Muito bem, e aí? Aí que Platão não gostava do esquema! E porque que Platão não gostava do esquema? Platão não gostava do esquema porque ele não teria nesse esquema, nenhuma chance. É claro que isso você não vai ler na república! Isso é o que está por trás. Isso é a genealogia. Isso é o interesse. Nesse esquema de decisão, Platão seria massacrado. Por quem? Pelos sofistas. Então o que faz Platão?

 Platão através da Filosofia, cria outras condições de diálogo. Outras condições de debate, que não as da Ágora. E ele coloca para debater, não ele, que ficaria óbvio demais. Mas ele escreve os diálogos e coloca para debater Sócrates, personagem que ele inventou. Mas o senhor está dizendo que Sócrates não existiu? Isso é uma pergunta sem relevância nenhuma. Sócrates é curioso isso; nunca escreveu nada, não deixou nada escrito. O Sócrates de quem estou falando é a personagem de Platão. Cujo discurso é escrito por Platão. E Sócrates dialoga contra quem? Contra os campeões da Agora!Pode pegar a lista dos diálogos de Sócrates e Platão e você verá que Sócrates debate contra os campeões da Ágora e Platão coloca o título do diálogo, o nome do campeão da Ágora, jogada de marketing! Esse cara é tão conhecido! É como se eu escrevesse um diálogo, eu e José Dirceu e colocasse o título José Dirceu ou Alckmin, ninguém me conhece mas a eles sim. 

Eu ponho o campeão da Ágora e uma personagem que eu inventei. E nessas novas condições, em que Platão escreve o discurso de Sócrates e o discurso do sofista, Sócrates ganha sempre. De lavada! E o sofista aparece como um débil mental absoluto. É certo Sócrates, você tem razão Sócrates, puxa como eu não havia percebido isso antes. Então você acha mesmo que o campeão da Ágora, o sujeito riquíssimo que mandava em Atenas, ia até esse idiota que vai debater com Sócrates que vai debater e gagueja. Nunca! Isso aí era uma reconstrução, delirante, da realidade. Diante de novas coisas. Agora é claro, fica na história das faculdades de filosofia...Platão nosso herói e os sofistas meia dúzia de imbecis.Só que na época era o contrário! Muito bem. Quem vai fazer todas essas reflexões que eu estou fazendo é Nietzsche, e você pode ler o Crepúsculo dos Ídolos e você pode ler dentro do Crepúsculo dos Ídolos, o capítulo consagrado a Sócrates; aonde Nietzsche vai refletir com eu estou fazendo. A filosofia de Platão como uma impostura. Já que eu não suporto a realidade, porque sou fraco; eu crio novas condições aonde eu me dou melhor. E essas condições são os meus textos.

Concluo que a tal democracia foi criada pelos reativos...


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