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Cultura Yorubá...

Apàoká (jaqueira)


O nome científico Artocarpus heterophyllus deriva dos vocábulos gregos artos ("pão"),karpos ("fruto"), heteron ("distinto") e phyllus ("folha"), significando, portanto, "fruta-pão de folhas diferentes". O nome é uma referênc
ia às folhas da jaqueira, que são distintas (semlobos) em relação às da planta da fruta-pão, apesar de ambas as plantas pertencerem ao mesmo gênero: Artocarpus.
Já "jaca" origina-se do termo malaialo para a fruta: chakha .

A árvore é originária da Índia e cultivada em todos os países tropicais do mundo.

No Brasil e em grande parte da América tropical ocorre a incidência da Artocarpus Interglifolia, a jaqueira.

Árvore perenifólia, lactescente, de cerca de vinte metros de altura, provida de copa mais ou menos piramidal e densa, com tronco robusto, de 30 a 60 centímetros de diâmetro, revestido por casca espessa. Folhas simples, alternas, inteiras (lobadas apenas nos indivíduos jovens), afixadas aos ramos através de um curto pecíolo de cerca de um centímetro de comprimento.

Planta cauliflora e monóica, ou seja, as flores masculinas e femininas estão separadas em diferentes inflorescências na mesma planta. As flores masculinas estão agrupadas em espigas claviformes e as femininas em espigas compactas.
O fruto é um sincarpo de forma ovalada originada do desenvolvimento da inflorescência feminina.

Estes nascem diretamente do tronco e dos galhos mais grossos e chegam a pesar até dez quilogramas e medir até quarenta centímetros de comprimento. A literatura cita pesos (acima de 30 quilogramas) e tamanhos muito maiores, contudo nunca encontramos no país frutos maiores que isso.

A parte comestível da jaca são os frutículos encontrados no interior dos grandes sincarpos, em grande número, ultrapassando a centena. Estes nada mais são do que o desenvolvimento dos ovários das flores, constituindo os “bagos”, de cor amarelada, envoltos por uma camada grudenta, sabor doce e cheiro forte e característico, reconhecível a longa distância. Os bagos podem ser de consistência um pouco endurecida ou totalmente mole, daí a distinção de duas variedades muito conhecidas e denominadas popularmente de “jaca-mole” e “jaca-dura”.

Jaca.

A maior utilidade da jaqueira são seus frutos consumidos nas regiões tropicais do mundo, chegando em algumas regiões, como no Recôncavo Baiano, a constituir-se em alimento básico para comunidades rurais. Geralmente são consumidos no estado in natura, contudo são freqüentemente transformados em doces egeleias caseiras. Também pode ser consumida cozida.

Na Índia sua polpa é fermentada e transformada num tipo de aguardente. As sementestambém podem ser consumidas depois de assadas ou cozidas, possuindo sabor semelhante a castanha européia.

A jaqueira é também fonte de alimento da fauna silvestre.


SIMBOLOGIA NO CANDOMBLÉ

Apaoka é mãe de Ode Inlé ou Erinlé e tem fortes ligações com a jaqueira, árvore que a representa e na qual ela é cultuada.

Intimamente relacionada ao culto dos ancestrais, Apaoká é uma das Yá-Mi, a dona da jaqueira, ou, como preferem alguns, a própria jaqueira.

Nos ritos de Ipadé sua invocação é obrigatória e é mencionada em várias cantigas de Oxóssi, que além de ter uma relação intensa com a referida árvore, é considerado filho de Apaoká.

A jaqueira, o odá, o iroko, o akokó, o atorí, o obí são árvores que não deveriam faltar nos terreiros, pois todas
são consideradas verdadeiros orixás.



MITOLOGIA

Os mitos Yorùbá, nos revela que esta Ìyágba, também conhecida como Ìyá Nbanba, Ìyá Mo, Ìyá Òdé ,entre tantos outros epítetos, vivia juntamente com outras duas irmãs, Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, muito antes da fundação da cidade de Ketu, em uma cova situada abaixo do Òpó méta, três robustos troncos de mogno-da-guiné , conhecido em Yorùbá com o nome de Ògànwó.

As três irmãs selaram um pacto de nunca dar o nascimento a uma criança neste mundo, porém, Ìyá Apáòka não cumpre o prometido e juntamente com Òrìsà Oko dá a luz a um menino que mais tarde recebe o nome de Erinlè.

Inlè como também é conhecido, funda a Cidade de Ìlobùú , entre outras obras na Terra, retorna ao orun e regressa novamente ao àiyé no mesmo seio familiar, onde desta vez recebe o nome de Òdé . Este é um dos grandes segredos da ligação entre Inle e Òdé. Aquele que possui Inlè, deverá ter como complemento Òdé, mas não necessáriamente o inverso.

Aqui no Brasil, por diversas razões, houve a necessidade de uma redifinição e, consequentemente, foi feita a substituição do mogno-da-guiné pela jaqueira , denominada em Yorùbá de Tapónurin onde também foi designada o nome de apáòka em razão de ser a morada da divindade do mesmo nome.

De suma importância, devo ressaltar que a jaqueira é uma árvore originária da Índia e introduzida na Bahia por volta do século XVIII. Suponho que o tamanho e o porte da jaqueira, foram de fundamental importância para a efetiva substituição. Todas as árvores são sagradas por natureza, embora para que se possa prestar culto a esta divindade a mesma deverá receber os ritos liturgicos onde consiste em plantar o Asé ou acomodar os segredos de Ìyá Apáòka; depois de ser sacralizada, o tronco desta é adornado com um laço de tira branca e uma talha de três alças da qual sustenta um arco e flexa em ferro forjado.

Nos Terreiros de Candomblé, esta árvore divide o espaço com espécies variadas, como também "assentamentos" e emblemas de certos Òrìsà, num local denominado Agbo de Òsóòsì Oru Gboru Òdé do qual representa a "floresta africana", de fundamental importância, pois a mesma não se encontra dissociada da vivência cotidiana dos africanos em geral.

Anualmente, esta árvore recebe o sacrifício de animais com a finalidade de revitalização de seu àse, ocasião esta que a torna objeto de um culto especial. Quanto ao culto à Ìyá Mepere e Ìyá Bokolo, não se encontram vestigios, esta perdido na diáspora, assim como inúmeras outras divindades.


EWÓ

É uma árvore sagrada e devido à seu caráter ancestral
é vedado o consumo das jacas aos adeptos dos cultos afro.

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