Esta fazenda de Figueiras motivou o processo ambiental
Alceu Luís Castilho
Site De Olho nos Ruralistas
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A Forte Mar Empreendimentos e Participações, uma das
empresas de Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, tem 90% de seu capital social
em nome do Development Fund Warehouse, um fundo de investimentos do BTG
Pactual. O banco é investigado na Lava-Jato e teve seu presidente, André
Esteves, preso na operação. O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal
Federal – que morreu com Filgueiras no avião do empresário e amigo, em Paraty –
julgou no STF casos relativos ao BTG. Em abril, revogou prisão de Esteves.
Os outros 10% da Forte Mar pertencem à J. Filgueiras
Empreendimentos e Negócios Ltda. É essa empresa de Filgueiras que pretende
fazer um complexo hoteleiro na Fazenda Itatinga, em Paraty (RJ), cuja licença
prévia foi indeferida, em outubro, pela Secretaria de Estado do Ambiente do Rio
de Janeiro. O empresário era réu no STF, acusado de crime ambiental, por causa
de construções irregulares na Ilha das Almas, onde fica a fazenda.
Filgueiras era o diretor da Forte Mar Empreendimentos. Uma
das pessoas físicas que aparecem como sócios da empresa é Carlos Daniel Rizzo
da Fonseca, ex-presidente do Conselho de Administração do BTG Pactual, sócio de
23 empresas (entre elas o próprio BTG) e atual presidente do Conselho de
Administração – ele foi eleito em abril – da Brasil Pharma, o braço
farmacêutico do BTG.
NO SUPREMO – Teori Zavascki julgou casos
relativos ao BTG. Em dezembro de 2015, revogou a prisão preventiva de André
Esteves, enviando-o à prisão domiciliar. Em abril de 2016, revogou a
prisão domiciliar. O banqueiro é acusado de pagamento de propina à família de
Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, para tentar obstruir a Lava-Jato.
Outros acusados no mesmo caso, como o senador Delcídio do Amaral (sem
partido-MS), ainda estão presos. Zavascki também tirou da Lava-Jato um
inquérito que apurava ligação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o BTG.
Carlos Filgueiras não era apenas “dono do hotel Emiliano”,
como descrito muitas vezes após o acidente desta quinta-feira. E sim um
empresário multimilionário, com várias atividades no ramo imobiliário e
agropecuário. Ele era dono da Tuagro Agrícola, produtora de café, dona da
fazenda Diamante, em Patrocínio (MG). A Emiliano Empreendimentos e
Participações nem era a empresa mais valiosa de Filgueiras, com capital social
de R$ 8,1 milhões. A J. Filgueiras (R$ 17,2 milhões) e a Forte Mar (R$ 117
milhões) aparecem à frente.
NOMES E RAMIFICAÇÕES – A Forte Mar já teve
vários nomes, como Forte Rio Empreendimentos e Participações e CMNPAR
Twenty-Seven Participações. A CMNPAR, por sua vez, já sem o nome de Filgueiras,
multiplica sua sigla a partir de vários nomes intermediários para as holdings –
depois da Twenty-Seven vieram Thirty-Eight, Fifty-Four, Sixty-Five,
Seventy-Four, Seventy-Six, Eighty, Eight-Two, Ninety, Ninety-Six -, com
repetição de sócios, mas diferentes CNPJs.
Filgueiras era dono também da Fazenda Itatinga, em Paraty
(RJ). Em 2009 o procurador da República Fernando Amorim Lavieri investigou
possíveis danos ambientais na fazenda, localizada em área de manguezal. A
fazenda fica na Área de Proteção Ambiental (APA) Cairuçu, de preservação
federal. E, segundo ele, está “situado na faixa de marinha, pertencente à União
Federal”. A fazenda está no nome da Ama Empreendimentos, também de Filgueiras.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Conforme já assinalamos aqui, ministro do Supremo não deve se relacionar com empresários que têm assuntos pendentes no Judiciário, especialmente na última instância. É o mínimo que se pode esperar deles. Mas não é isso que se vê no dia-a-dia, e as exceções apenas confirmam a regra. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Conforme já assinalamos aqui, ministro do Supremo não deve se relacionar com empresários que têm assuntos pendentes no Judiciário, especialmente na última instância. É o mínimo que se pode esperar deles. Mas não é isso que se vê no dia-a-dia, e as exceções apenas confirmam a regra. (C.N.)
o virgilio tamberlini
40 minutos pedindo socorro ?
Logo depois chegou um barco da Polícia Militar e parou junto
a nós. Certamente sem imaginar que eu era jornalista, os ocupantes passaram a
conversar sobre o acidente. Descobri que os mortos eram cinco (e não quatro,
como diziam as primeiras informações) e que estavam todos ainda dentro do
avião.
Entrevistei um pescador de 23 anos chamado Wallace. Ele
contou que, cerca de duas horas depois do acidente, dois barcos de pesca
chegaram a içar metade do avião para fora da água. Segundo Wallace, uma ordem
veio para que o avião não fosse tocado até que chegasse a perícia da
Aeronáutica, e a aeronave foi novamente colocada no local em que caiu. O
pescador tinha provas: um vídeo feito com o celular.
Wallace contou um detalhe terrível: um dos passageiros, uma
mulher, estaria viva quando o socorro chegou. “Ela tava viva bem depois do
acidente”, disse. Achei a história pouco provável, até que ouvi um oficial
dizendo para outro: “Dava pra ver a mulher pedindo socorro dentro do avião!”.
Perguntei ao oficial quanto tempo depois do acidente isso teria acontecido, e
ele respondeu: “Pelo menos quarenta minutos”.
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