Mais análises que desviam o foco do cerne da questão. Embora de indisfarçável incompetência técnica, o governo não fez populismo pelo populismo: ele apenas reprimiu o aumento da energia nestes dez anos para segurar o inevitável retorno da inflação, de uma forma diferente à que fhc fez em seu segundo mandato, com empréstimos junto ao FMI. E foram três durante 4 anos, que custou a perda da Presidência da República para os petistas.

O Plano Real é uma bomba auto-destrutiva, de efeito retardado.
Inicialmente era ancorado em quatro âncoras para equilibrar oferta e demanda: 1. salários reprimidos e 2. juros altos, ambos para retirar dinheiro de circulação, 3. redução ou extinção de tarifas alfandegárias e 4. câmbio barato para aumentar a oferta de produtos de consumo na economia.
Ora, salários reprimidos formaram mercado consumidor incapaz de absorver toda a produção de manufaturados, a não ser que seja a crédito, com os maiores juros do planeta. Os juros, além de manter em permanente estado de endividamento as famílias, é o maior responsável pelo explosivo crescimento da dívida pública do país, e com esta, o inevitável retorno da inflação, como já havia acontecido no regime militar (e acabou gerando aquelas manifestações pelas eleições diretas já...)
Para piorar, a energia não é produto "de mercado", como a propaganda neoliberal pretende fazer crer, mas recurso da natureza, e esta pouco se importa com dinheiro. Então, se não se soma à nenhuma política de aumento de oferta, limita o sistema real e força, além do retorno da inflação, uma crise por falta de escoamento da superprodução de manufaturados, mas ao contrário, dar aos pobres a falsa sensação de poder aquisitivo e capacidade de comprar bugigangas. O Bolça-família é, sob este ponto de vista, subsídio governamental ao consumo, para minimizar os efeitos da super produção de bugigangas.
Estamos no limiar da pior crise da história do Brasil, e do mundo. 1929 foi a maior crise da história, até aqui, por conta da revolução industrial que a antecedeu. O maior crime do governo nestes últimos dez anos foi saber que o plano Real era inviável (o PT denunciava isto em 1994, que era só um plano eleitoreiro) e não fazer nada para preparar a população para a nova realidade que vai se impor. Lá se vão 20 anos de ilusão, tendo como recompensa a pulverização de recursos previdenciários e a desestruturação de serviços públicos e a ordem construída, bem ou mal, nas últimas décadas do século XX.
Serviço de inteligência, implantado metodicamente há muitíssimas décadas, e nada está ocorrendo por acaso.
Uma revolta pode ser espontânea; uma revolução jamais o é.
JACQUES BORDIOT, jornalista e escritor
JACQUES BORDIOT, jornalista e escritor
Strike do governo no setor de energia brasileiro.
Fonte: Brasil Econômico Local: SP Data: 21/02/2013
Autor: Adriano Pires
O governo federal promoveu nos últimos dez anos um verdadeiro strike no setor de energia no Brasil. Para aqueles que não costumam jogar boliche o strike é aquela jogada na qual com um único arremesso você derruba todas as peças. E o governo com uma única política baseada no populismo dos preços e na utilização política do setor conseguiu derrubar a segurança jurídica e a estabilidade regulatória do setor e consequentemente deixar o país vivendo o cenário do desabastecimento.
O primeiro a ser derrubado e hoje o mais visível para todos foi o do petróleo, tendo como a principal vítima a Petrobras. A derrubada teve inicio quando foi anunciada a descoberta do pré-sal, fato que levou ao fechamento do mercado de petróleo no país. De lá para cá não ocorreram mais leilões, o governo aprovou um novo marco regulatório intervencionista, os investimentos privados tomaram a direção de outros países, deixaram de ser gerados aqui uma enorme quantidade de empregos e a produção de petróleo estagnou, e a velocidade do pré-sal tem sido a de um carro mil.
Nos combustíveis a derrubada também foi geral. O governo congelou os preços da gasolina e do diesel, estimulou o consumo e com isso o Brasil passou a importar cada vez mais todos os derivados de petróleo. O pior é que com esse aumento do consumo e das importações os prejuízos da Petrobras têm crescido de forma espetacular, da mesma forma que a dívida da empresa. Nunca na história deste país a Petrobras esteve numa situação tão ruim. Não satisfeito em derrubar a peça Petrobras, o governo também fez o mesmo com o etanol e o biodiesel. Com os preços congelados da gasolina, o etanol perdeu competitividade, a produção cresceu pouco e o país passou a importar o produto dos Estados Unidos. E, o que é pior, passamos a exportar etanol de cana, ambientalmente melhor, e a importar o de milho. Ou seja, passamos a limpar o ar que os americanos respiram. No caso do biodiesel, o setor está sem marco regulatório, sem previsibilidade de aumento da mistura no diesel e com isso as empresas, a cada dia que passa, encontram mais dificuldades para sobreviver.
No setor elétrico, o governo também promoveu a derrubada total. Ao só se preocupar com a modicidade tarifaria e ao abandonar a segurança de abastecimento, bem como a preocupação com o uso eficiente da energia, o governo quebrou o caixa da Eletrobras, gerou insegurança jurídica e regulatória e incentivou o consumo de energia elétrica num contexto de escassez. Não entendeu que o aumento da oferta de forma estruturada só ocorre num contexto de concorrência e que não é através de decretos presidenciais que se abaixam os preços.
Na realidade, o governo sempre confunde ou quer nos confundir entre o conceito de preços baratos e preços competitivos. A energia, tanto no Brasil como no mundo, tende a ser cada vez mais cara, portanto, o que precisamos é estabelecer uma política tributária que ajude a energia a ser competitiva. Ao vender a ideia de energia barata o governo engana o consumidor e penaliza o contribuinte e o pior, no médio prazo promove o desabastecimento.
Fonte: Brasil Econômico Local: SP Data: 21/02/2013
Autor: Adriano Pires
O governo federal promoveu nos últimos dez anos um verdadeiro strike no setor de energia no Brasil. Para aqueles que não costumam jogar boliche o strike é aquela jogada na qual com um único arremesso você derruba todas as peças. E o governo com uma única política baseada no populismo dos preços e na utilização política do setor conseguiu derrubar a segurança jurídica e a estabilidade regulatória do setor e consequentemente deixar o país vivendo o cenário do desabastecimento.
O primeiro a ser derrubado e hoje o mais visível para todos foi o do petróleo, tendo como a principal vítima a Petrobras. A derrubada teve inicio quando foi anunciada a descoberta do pré-sal, fato que levou ao fechamento do mercado de petróleo no país. De lá para cá não ocorreram mais leilões, o governo aprovou um novo marco regulatório intervencionista, os investimentos privados tomaram a direção de outros países, deixaram de ser gerados aqui uma enorme quantidade de empregos e a produção de petróleo estagnou, e a velocidade do pré-sal tem sido a de um carro mil.
Nos combustíveis a derrubada também foi geral. O governo congelou os preços da gasolina e do diesel, estimulou o consumo e com isso o Brasil passou a importar cada vez mais todos os derivados de petróleo. O pior é que com esse aumento do consumo e das importações os prejuízos da Petrobras têm crescido de forma espetacular, da mesma forma que a dívida da empresa. Nunca na história deste país a Petrobras esteve numa situação tão ruim. Não satisfeito em derrubar a peça Petrobras, o governo também fez o mesmo com o etanol e o biodiesel. Com os preços congelados da gasolina, o etanol perdeu competitividade, a produção cresceu pouco e o país passou a importar o produto dos Estados Unidos. E, o que é pior, passamos a exportar etanol de cana, ambientalmente melhor, e a importar o de milho. Ou seja, passamos a limpar o ar que os americanos respiram. No caso do biodiesel, o setor está sem marco regulatório, sem previsibilidade de aumento da mistura no diesel e com isso as empresas, a cada dia que passa, encontram mais dificuldades para sobreviver.
No setor elétrico, o governo também promoveu a derrubada total. Ao só se preocupar com a modicidade tarifaria e ao abandonar a segurança de abastecimento, bem como a preocupação com o uso eficiente da energia, o governo quebrou o caixa da Eletrobras, gerou insegurança jurídica e regulatória e incentivou o consumo de energia elétrica num contexto de escassez. Não entendeu que o aumento da oferta de forma estruturada só ocorre num contexto de concorrência e que não é através de decretos presidenciais que se abaixam os preços.
Na realidade, o governo sempre confunde ou quer nos confundir entre o conceito de preços baratos e preços competitivos. A energia, tanto no Brasil como no mundo, tende a ser cada vez mais cara, portanto, o que precisamos é estabelecer uma política tributária que ajude a energia a ser competitiva. Ao vender a ideia de energia barata o governo engana o consumidor e penaliza o contribuinte e o pior, no médio prazo promove o desabastecimento.
Dinheiro.
Fonte: Correio Braziliense Local: DF Data: 21/02/2013
Autor: Ari Cunha
A qualquer momento o Tesouro Nacional poderá arcar com despesa de R$ 8,5 bilhões para garantir redução da conta de luz anunciada pela presidente Dilma Rousseff. É que Cesp, Cemig e Copel não aceitaram proposta antecipada de concessão com redução dos preços da energia produzida.
Fonte: Correio Braziliense Local: DF Data: 21/02/2013
Autor: Ari Cunha
A qualquer momento o Tesouro Nacional poderá arcar com despesa de R$ 8,5 bilhões para garantir redução da conta de luz anunciada pela presidente Dilma Rousseff. É que Cesp, Cemig e Copel não aceitaram proposta antecipada de concessão com redução dos preços da energia produzida.
Gestão da energia no Brasil.
Fonte: Correio Braziliense Local: DF Data: 21/02/2013
Autor: Alberto Sayão; Anna Laura Nunes
O Brasil tem 12% da água doce superficial disponível no planeta, o que o coloca entre os cinco maiores países em termos de potencial técnico de aproveitamento da energia hidrelétrica. Com isso, é preocupante a reduzida disponibilidade hidráulica no início deste ano, com reservatórios semi vazios nas principais hidrelétricas, e o Nordeste novamente submetido a seca severa.
Segundo o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), o potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em 246 mil MW, mas apenas cerca de um terço é explorado. Desde o final do século 19, a geração hidrelétrica tem sido o principal fator propulsor do desenvolvimento nacional, podendo ser distinguida como fonte renovável de produção de energia limpa. Porém, a Anael informa aumento expressivo de usinas termelétricas nos últimos 15 anos, com 131 novos empreendimentos representando cerca de 40% da energia total outorgada. Isso contrasta com apenas 15 novas hidrelétricas, que somam 18% da potência total outorgada no mesmo período.
O fato nos força a uma reflexão sobre a gestão dos recursos energéticos do país, que se encontra sob a ameaça de novo apagão. Apesar das negativas oficiais, o governo confessa a urgência em ativar as termelétricas, movidas a fontes não renováveis, como óleo diesel, carvão ou gás natural importado, com prejuízos econômicos e ambientais. O professor José Goldeberg, membro da Academia Brasileira de Ciências e especialista no tema, discordou das declarações oficiais do ministro Edison Lobão, que estimou acréscimo em apenas 1% no custo da produção da energia, com o aumento do uso das termelétricas.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, para atender a nova demanda, será necessário acrescentar 81 termelétricas ao sistema, que produzirão apenas 2 mil MW a mais que a energia a ser gerada por Belo Monte. As novas térmicas despejarão 39 milhões de toneladas de CO² em 2017, aumento superior a 170% em relação às emissões de 2008. Estaremos, assim, privilegiando a energia suja das termelétricas em detrimento de energia limpa das hidrelétricas. Prejuízo para o meio ambiente e o bolso do brasileiro que vai pagar mais pela energia.
A construção de hidrelétricas tem sido alvo de duras críticas. Sua eficiência pode ser avaliada pelo índice simplificado de impacto ambiental, que expressa a razão entre a área inundada pelo reservatório e a energia gerada. Por exemplo, Belo Monte tem um índice de impacto ambiental (0,04 km²/MW) bem inferior ao das demais barragens construídas no país, tais como Itaipu (0,10km²/MW), Ilha Solteira (0,35km²/ MW) e Sobradinho (4,01km²/MW). Belo Monte produzirá 11 mil MW, com reservatório de apenas 440 km². A regulamentação brasileira para o licenciamento de novos empreendimentos evoluiu muito nas últimas décadas, justamente para garantir melhor equilíbrio ambiental na construção das usinas hidrelétricas.
Em vez de se basear no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, composto por entidades diversas (MME, ONS, ANEEL, ANP, CCEE e EPE), o país seria beneficiado caso o governo instituísse um órgão gestor, técnico e politicamente independente, para ser o único responsável pelo planejamento dos investimentos e pela garantia do abastecimento nacional.
O órgão poderia decidir pelo investimento em mais hidrelétricas, que, com reservatórios adequados, poderiam contribuir para atenuar os efeitos das secas no Nordeste e promover o equilíbrio com outras fontes de energia limpa, como eólica e solar. Além de reduzir ou eliminar o atual cenário de descalabro gerencial, responsável pela inexistência de linhas de transmissão para permitir o acionamento de novos parques eólicos que se encontram paralisados, à espera da decisão pelos investimentos para a transmissão da energia.
Enfim, agora que o nível dos reservatórios está se normalizando, a gestão da energia no Brasil deve passar a ser definida com base em argumentos técnicos, ambientais e sociais que possam contribuir para um planejamento de curto e médio prazo alinhado à realidade nacional.
Nesse sentido, o Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia (ANE) dedicou considerável esforço ao estudo do problema do suprimento energético futuro do país e concluiu em carta enviada à presidente Dilma que a energia hidrelétrica permanecerá, por longo prazo, a espinha dorsal de nossa matriz energética, complementada pelas demais fontes.
Fonte: Correio Braziliense Local: DF Data: 21/02/2013
Autor: Alberto Sayão; Anna Laura Nunes
O Brasil tem 12% da água doce superficial disponível no planeta, o que o coloca entre os cinco maiores países em termos de potencial técnico de aproveitamento da energia hidrelétrica. Com isso, é preocupante a reduzida disponibilidade hidráulica no início deste ano, com reservatórios semi vazios nas principais hidrelétricas, e o Nordeste novamente submetido a seca severa.
Segundo o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), o potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em 246 mil MW, mas apenas cerca de um terço é explorado. Desde o final do século 19, a geração hidrelétrica tem sido o principal fator propulsor do desenvolvimento nacional, podendo ser distinguida como fonte renovável de produção de energia limpa. Porém, a Anael informa aumento expressivo de usinas termelétricas nos últimos 15 anos, com 131 novos empreendimentos representando cerca de 40% da energia total outorgada. Isso contrasta com apenas 15 novas hidrelétricas, que somam 18% da potência total outorgada no mesmo período.
O fato nos força a uma reflexão sobre a gestão dos recursos energéticos do país, que se encontra sob a ameaça de novo apagão. Apesar das negativas oficiais, o governo confessa a urgência em ativar as termelétricas, movidas a fontes não renováveis, como óleo diesel, carvão ou gás natural importado, com prejuízos econômicos e ambientais. O professor José Goldeberg, membro da Academia Brasileira de Ciências e especialista no tema, discordou das declarações oficiais do ministro Edison Lobão, que estimou acréscimo em apenas 1% no custo da produção da energia, com o aumento do uso das termelétricas.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, para atender a nova demanda, será necessário acrescentar 81 termelétricas ao sistema, que produzirão apenas 2 mil MW a mais que a energia a ser gerada por Belo Monte. As novas térmicas despejarão 39 milhões de toneladas de CO² em 2017, aumento superior a 170% em relação às emissões de 2008. Estaremos, assim, privilegiando a energia suja das termelétricas em detrimento de energia limpa das hidrelétricas. Prejuízo para o meio ambiente e o bolso do brasileiro que vai pagar mais pela energia.
A construção de hidrelétricas tem sido alvo de duras críticas. Sua eficiência pode ser avaliada pelo índice simplificado de impacto ambiental, que expressa a razão entre a área inundada pelo reservatório e a energia gerada. Por exemplo, Belo Monte tem um índice de impacto ambiental (0,04 km²/MW) bem inferior ao das demais barragens construídas no país, tais como Itaipu (0,10km²/MW), Ilha Solteira (0,35km²/ MW) e Sobradinho (4,01km²/MW). Belo Monte produzirá 11 mil MW, com reservatório de apenas 440 km². A regulamentação brasileira para o licenciamento de novos empreendimentos evoluiu muito nas últimas décadas, justamente para garantir melhor equilíbrio ambiental na construção das usinas hidrelétricas.
Em vez de se basear no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, composto por entidades diversas (MME, ONS, ANEEL, ANP, CCEE e EPE), o país seria beneficiado caso o governo instituísse um órgão gestor, técnico e politicamente independente, para ser o único responsável pelo planejamento dos investimentos e pela garantia do abastecimento nacional.
O órgão poderia decidir pelo investimento em mais hidrelétricas, que, com reservatórios adequados, poderiam contribuir para atenuar os efeitos das secas no Nordeste e promover o equilíbrio com outras fontes de energia limpa, como eólica e solar. Além de reduzir ou eliminar o atual cenário de descalabro gerencial, responsável pela inexistência de linhas de transmissão para permitir o acionamento de novos parques eólicos que se encontram paralisados, à espera da decisão pelos investimentos para a transmissão da energia.
Enfim, agora que o nível dos reservatórios está se normalizando, a gestão da energia no Brasil deve passar a ser definida com base em argumentos técnicos, ambientais e sociais que possam contribuir para um planejamento de curto e médio prazo alinhado à realidade nacional.
Nesse sentido, o Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia (ANE) dedicou considerável esforço ao estudo do problema do suprimento energético futuro do país e concluiu em carta enviada à presidente Dilma que a energia hidrelétrica permanecerá, por longo prazo, a espinha dorsal de nossa matriz energética, complementada pelas demais fontes.
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