Felipe: Não me importo com a idéia de Gautama realizando algum trabalho de preparação aqui na terra, presdispondo para a Tua Boa Nova, Mestre. Não me sinto à vontade com a idéia de que ele possa ser considerado em outra tradição no mesmo nível do senhor, de que o Silêncio dele tenha o mesmo alcance que Tua Palavra.
Jesus: Tu colocarias limites ao amor do Pai? Gostarias que Ele se recusasse a incontáveis gerações e raças de homens, que o tem buscado com tanta sinceridade? Sem dúvida, é verdade que trago a ti e a todos os homens a Sua Palavra onipotente, mas tu me reconheces somente agora, Felipe? Há tanto tempo estou contigo, e ainda não me reconheces, exceto por essa forma tão restrita?
Felipe: Queres dizer, Mestre, que quando ouvimos Gautama devemos ser capazes de te reconhecer?
Jesus: Felipe, ouve a voz do Espírito, pois é ela que abre a mente, liberta o coração, junta o que está separado e perdido, mantém inabalável fidelidade, instila a paz, renova a confiança, conforta e tolera. Feliz de ti se ouvires essa voz!
Felipe: Ultimamente, falas com muita frequência em Gautama, a Luz da Ásia, Rabi. O que esse estrangeiro tem a ver conosco?
Jesus: Felipe, justamente pelo que dizes mostras o quanto estás precisando daquilo que ele tem para oferecer. Pergunta a ti mesmo o que ti impede de ouvir Gautama. Algum tipo de presunção ou a certeza que ele não tem qualquer verdade a oferecer que já não tenhas ouvido de meus lábios? Será o medo de que ele te leve para longe de mim, ou dê provas de que estou errado? Sentes a mesma hostilidade por Moisés ou Elias? Entretanto, tu e Simão já me viram conversando com eles.
Simão: Espera aí Senhor, Moisés e Elias fazem parte da nossa tradição. O Felipe está com razão! Eles são os pais da nossa tradição, ver-te conversando com eles foi a confirmação sagrada do que nossos corações nos haviam segredado sobre ti. Foi como um alegre casamento entre o antigo e o novo.
Jesus: Estás vendo? Vossos corações, muito antes de vossas mentes,foram capazes de sentir a ligação entre minhas palavras, minhas ações e tudo o que fostes ensinados a crer. Confia no coração! Não estou querendo dizer para ignorar as perguntas da mente, mas apenas que deveis abrir os corações para uma experiência... Dai voz às vossas dúvidas e hesitações dialogando com eles. Se verdadeiramente os ouvirdes, e eles vos ouvirem, como poderá falhar o vosso crescimento na luz?
O Espírito que vos está sendo dado não é da espécie que pretende confinar-vos dentro de um pequeno mundo sectário.
É um Espírito que transpõe barreiras existentes entre os mundos, não mediante a destruição do que os caracteriza, mas através da comunhão entre eles. Nessa comunhão, Simão, abre-se o Caminho que fica além de todos os caminhos.
Simão: Poderão diálogos como este ser uma nova forma de oração, Rabi?
Jesus: Não apenas uma nova forma, mas aforma mais alta dessa mesma ida e volta. As preces são descritas como diálogos com Deus. Mas como poderemos conversar com algo que está além da linguagem? Mediante a linguagem, o diálogo pode levar a libertação da mente e do coração, que é a Palavra de Deus segredada a nós no silêncio. Nossa resposta muda é essa excitação que nos arrebata, o salto de alegria, o reconhecimento, a expansão da nossa vida.
Simão: Falas, Rabi, numa palavra muda e de uma resposta não articulada. É assim, também, o segredo de Gautama?
Jesus: O sentido do silêncio de Gautama tem muitos aspectos. Gautama conta uma história a respeito de um homem que foi ferido por uma seta envenenada. Antes de permitir que a retirassem, ele quis saber que tipo de seta fora usada e de que espécie de veneno estava ela impregnada. Claro que esse homem morreu antes que essas perguntas fossem respondidas. Da mesma forma, Gautama nos ensina que, se insistirmos em compreender Deus e a alma humana, estaremos mortos por causa dos nossos muitos males, bem antes que a nossa mente atinja o conhecimento necessário.
Felipe: E concordas com ele nesse ponto, Mestre?
Jesus: Não vês que aquilo contra o qual ele nos alerta é o erro fatal dos fariseus? Mais uma vez eu já os avisei de que morrerão em pecado por se recusarem a reconhecer João Batista ou a mim. Eu disse "se recusam a reconhecer", pois os casos de cura e as obras de salvação estão aí, para que todos vejam, como o sinal certo pelo qual o Espírito Santo é reconhecido. Tivessem eles o coração sincronizado com espírito, como poderiam deixar de reconhecer-me? É por esse método que reconhecereis se Gautama está comigo ou contra mim. Mas, porque não concordo com as idéias deles a respeito de Deus ou do Messias, eles não podem me aceitar. A obstinação de suas mentes torna estúpidos seus corações. Seus corações estão atrofiados. É contra esse perigo que Gautama nos alerta, e esse é o perigo que ele almeja eliminar com seu silêncio.
Simão: Tu também acreditas no silêncio, Rabi, do mesmo modo que Gautama, e Gautama também comunica uma palavra, do mesmo modo que tu?
Jesus: Lembra-te da história que contei sobre o semeador e a semente? Era preciso que a terra fosse boa - uma terra sem cardos, pedras ou urzes, uma terra que tivesse sido revolvida e arejada - e era preciso que a semente fosse boa. Gautama dá ênfase à preparação do solo, enquanto eu valorizo a dádiva da semente.Entretanto, a terra não daria frutos sem a semente, e ambas dependem do sol, da chuva e da estação do plantio, do calor do coração e da dádiva do espírito.
Simão: Então há a necessidade de ambos, do silêncio e da palavra para que o espírito cresça de algum modo. Tu nos falastes dos perigos da palavra sem o silêncio, Rabi. Há também perigo num silêncio sem palavras?
Jesus: Os perigos podem ser maiores ainda, pois são bem mais sutís. Um solo bom e rico pode ser confundido com um fim em si mesmo; mas o fazendeiro sabe que é um desperdício deixar um bom solo sem cultivo. Por isso Simão, o mesmo acontece com o silêncio e a palavra: como pode existir uma palavra silenciosa ou um silêncio loguaz? Quero que saibas, que existe um silêncio que prepara o caminho da palavra, um silêncio que é a mais alta elocução dessa palavra. Foi por isso que eu disse que o silêncio de Gautama é complexo. Quem melhor do que ele conhece a arte de aplainar, derrubar montanhas e encher vales, preparando o caminho no mundo para a minha vinda? Mas o seu silêncio ultrapassa os limites da boa vontade. Ele também conhece o silêncio da palavra que transborda, o silêncio prenhe do que está além do enunciado, o inefável gemido do Espírito.
Jesus: Tu colocarias limites ao amor do Pai? Gostarias que Ele se recusasse a incontáveis gerações e raças de homens, que o tem buscado com tanta sinceridade? Sem dúvida, é verdade que trago a ti e a todos os homens a Sua Palavra onipotente, mas tu me reconheces somente agora, Felipe? Há tanto tempo estou contigo, e ainda não me reconheces, exceto por essa forma tão restrita?
Felipe: Queres dizer, Mestre, que quando ouvimos Gautama devemos ser capazes de te reconhecer?
Jesus: Felipe, ouve a voz do Espírito, pois é ela que abre a mente, liberta o coração, junta o que está separado e perdido, mantém inabalável fidelidade, instila a paz, renova a confiança, conforta e tolera. Feliz de ti se ouvires essa voz!
Felipe: Ultimamente, falas com muita frequência em Gautama, a Luz da Ásia, Rabi. O que esse estrangeiro tem a ver conosco?
Jesus: Felipe, justamente pelo que dizes mostras o quanto estás precisando daquilo que ele tem para oferecer. Pergunta a ti mesmo o que ti impede de ouvir Gautama. Algum tipo de presunção ou a certeza que ele não tem qualquer verdade a oferecer que já não tenhas ouvido de meus lábios? Será o medo de que ele te leve para longe de mim, ou dê provas de que estou errado? Sentes a mesma hostilidade por Moisés ou Elias? Entretanto, tu e Simão já me viram conversando com eles.
Simão: Espera aí Senhor, Moisés e Elias fazem parte da nossa tradição. O Felipe está com razão! Eles são os pais da nossa tradição, ver-te conversando com eles foi a confirmação sagrada do que nossos corações nos haviam segredado sobre ti. Foi como um alegre casamento entre o antigo e o novo.
Jesus: Estás vendo? Vossos corações, muito antes de vossas mentes,foram capazes de sentir a ligação entre minhas palavras, minhas ações e tudo o que fostes ensinados a crer. Confia no coração! Não estou querendo dizer para ignorar as perguntas da mente, mas apenas que deveis abrir os corações para uma experiência... Dai voz às vossas dúvidas e hesitações dialogando com eles. Se verdadeiramente os ouvirdes, e eles vos ouvirem, como poderá falhar o vosso crescimento na luz?
O Espírito que vos está sendo dado não é da espécie que pretende confinar-vos dentro de um pequeno mundo sectário.
É um Espírito que transpõe barreiras existentes entre os mundos, não mediante a destruição do que os caracteriza, mas através da comunhão entre eles. Nessa comunhão, Simão, abre-se o Caminho que fica além de todos os caminhos.
Simão: Poderão diálogos como este ser uma nova forma de oração, Rabi?
Jesus: Não apenas uma nova forma, mas aforma mais alta dessa mesma ida e volta. As preces são descritas como diálogos com Deus. Mas como poderemos conversar com algo que está além da linguagem? Mediante a linguagem, o diálogo pode levar a libertação da mente e do coração, que é a Palavra de Deus segredada a nós no silêncio. Nossa resposta muda é essa excitação que nos arrebata, o salto de alegria, o reconhecimento, a expansão da nossa vida.
Simão: Falas, Rabi, numa palavra muda e de uma resposta não articulada. É assim, também, o segredo de Gautama?
Jesus: O sentido do silêncio de Gautama tem muitos aspectos. Gautama conta uma história a respeito de um homem que foi ferido por uma seta envenenada. Antes de permitir que a retirassem, ele quis saber que tipo de seta fora usada e de que espécie de veneno estava ela impregnada. Claro que esse homem morreu antes que essas perguntas fossem respondidas. Da mesma forma, Gautama nos ensina que, se insistirmos em compreender Deus e a alma humana, estaremos mortos por causa dos nossos muitos males, bem antes que a nossa mente atinja o conhecimento necessário.
Felipe: E concordas com ele nesse ponto, Mestre?
Jesus: Não vês que aquilo contra o qual ele nos alerta é o erro fatal dos fariseus? Mais uma vez eu já os avisei de que morrerão em pecado por se recusarem a reconhecer João Batista ou a mim. Eu disse "se recusam a reconhecer", pois os casos de cura e as obras de salvação estão aí, para que todos vejam, como o sinal certo pelo qual o Espírito Santo é reconhecido. Tivessem eles o coração sincronizado com espírito, como poderiam deixar de reconhecer-me? É por esse método que reconhecereis se Gautama está comigo ou contra mim. Mas, porque não concordo com as idéias deles a respeito de Deus ou do Messias, eles não podem me aceitar. A obstinação de suas mentes torna estúpidos seus corações. Seus corações estão atrofiados. É contra esse perigo que Gautama nos alerta, e esse é o perigo que ele almeja eliminar com seu silêncio.
Simão: Tu também acreditas no silêncio, Rabi, do mesmo modo que Gautama, e Gautama também comunica uma palavra, do mesmo modo que tu?
Jesus: Lembra-te da história que contei sobre o semeador e a semente? Era preciso que a terra fosse boa - uma terra sem cardos, pedras ou urzes, uma terra que tivesse sido revolvida e arejada - e era preciso que a semente fosse boa. Gautama dá ênfase à preparação do solo, enquanto eu valorizo a dádiva da semente.Entretanto, a terra não daria frutos sem a semente, e ambas dependem do sol, da chuva e da estação do plantio, do calor do coração e da dádiva do espírito.
Simão: Então há a necessidade de ambos, do silêncio e da palavra para que o espírito cresça de algum modo. Tu nos falastes dos perigos da palavra sem o silêncio, Rabi. Há também perigo num silêncio sem palavras?
Jesus: Os perigos podem ser maiores ainda, pois são bem mais sutís. Um solo bom e rico pode ser confundido com um fim em si mesmo; mas o fazendeiro sabe que é um desperdício deixar um bom solo sem cultivo. Por isso Simão, o mesmo acontece com o silêncio e a palavra: como pode existir uma palavra silenciosa ou um silêncio loguaz? Quero que saibas, que existe um silêncio que prepara o caminho da palavra, um silêncio que é a mais alta elocução dessa palavra. Foi por isso que eu disse que o silêncio de Gautama é complexo. Quem melhor do que ele conhece a arte de aplainar, derrubar montanhas e encher vales, preparando o caminho no mundo para a minha vinda? Mas o seu silêncio ultrapassa os limites da boa vontade. Ele também conhece o silêncio da palavra que transborda, o silêncio prenhe do que está além do enunciado, o inefável gemido do Espírito.
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