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As Implicações de Uma Vitória


O Movimento Passe Livre (MPL) mantem a mobilização desta 5ª feira em SP, depois de conquistar a revogação dos 20 centavos de aumento no preço da tarifa municipal. Ademais da vitória política, a reversão do reajuste produz um alívio entre os seus dirigentes e os do PT. A cada dia, a continuidade dos protestos evidenciava o risco de descaracteriza-los como um levante contra Dilma e o legado de conquistas econômicas e sociais dos últimos dez anos. Acima de tudo está o fato de que nem o MPL, nem círculos próximos a ele, sabe como reverter a usurpação em marcha de um levante que desde o início se evoca a-partidário. O dispositivo midiático conservador, por exemplo, capturou as imagens dos novos cara-pintadas para rejuvenescer a sua narrativa anti-petista, em campanha antecipada para 2014. A esperança nos bastidores é de que a revogação anunciada por Alckmin e Haddad promova um esvaziamento natural das ruas, permitindo a decantação e a reestruturação dos grupos e forças que tem, na verdade, um objetivo mais ambicioso e de extrema pertinência: a tarifa zero e a construção de uma cidade mais justa e humana. Ao PT, a trégua, se houver, deve ser aproveitada para uma desassombrada avaliação das razões pelas quais as ruas e uma parcela expressiva da juventude brasileira já não se expressam mais através do partido, de sua capilaridade local e do seu programa. Ao conjunto das forças progressistas, sobretudo seus partidos de esquerda, cumpre uma autocrítica aguda: o sectarismo autodestrutivo que gerou um arquipélago de forças incomunicáveis abriu um vácuo no espectro das mobilizações de massa. Nesse oco de alianças, choca o ovo da serpente que inocula na sociedade uma histérica rejeição à política, à negociação, à organização democrática do conflito social e à razão argumentativa como método de escrutinar divergências e projetos de futuro. O que se viu nesses 13 dias que abalaram o Brasil, mais uma vez, é que em política não existe vácuo. A incapacidade da esquerda de fazer alianças com seus pares e, desse modo, oferecer uma agenda crível às angústias e anseios da sociedade, pavimentou o caminho para o despontar de visões e concepções regressivas relativas à idéia de desenvolvimento, papel do Estado, da política e da democracia. Foi só um aperitivo. Mas o pouco que se viu serve de eloquente convite à autocrítica. (Leia mais aqui: 'O bonde da história está passando')
(Carta Maior;5ª feira,20/06/2013)

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