7 DE DEZEMBRO DE 2016
Operação contra desmatamento ilegal em parque estadual descobre um arsenal
na fazenda de ministro; trabalhadores estavam em condições análogas à
escravidão
Por Cauê Seignemartin Ameni
Por Cauê Seignemartin Ameni
Dezoito armas de fogo. Esse foi o arsenal encontrado pelo Ministério
Público do Estado do Mato Grosso (MPE-MT) enquanto cumpria mandado de busca e
apreensão nas fazendas do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha,
e de seus sócios. A operação investiga desmatamento ilegal no Parque
Estadual Serra de Ricardo Franco. Os jornais destacaram a apreensão de cabeças
de gado e o suposto crime ambiental.
Acompanhado pelas polícias Militar, Civil e Ambiental do estado, o MPE
buscava 1.900 cabeças de gado quando se deparou com arsenal, nas
propriedades Paredão, Jaturana e fazenda Shangrilá. A fazenda Paredão é de
Marcos Antônio Assi Tozzati, ex-assessor de Padilha. Como não possui sede
própria, ela utiliza a estrutura da fazenda Jasmin Agropecuária, que pertence
ao ministro – um dos principais do governo Temer. Nos alojamentos da
Jasmin foram encontradas mais duas espingardas calibre 36.
Eliseu Padilha é filiado ao PMDB e ministro-chefe da Casa Civil no
governo Temer
As equipes também encontraram provas de desmatamento em área de preservação
permanente e produtos tóxicos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. A
apreensão do gado foi determinada para cessar os danos ao meio ambiente,
conforme a Lei 9.605/98 (impedir ou dificultar a regeneração de vegetação).
Caso Tozzati, apontado como dono do gado, não retire o rebanho em um prazo de
72 horas, terá de pagar uma diária de R$ 1 mil por cabeça.
As fazendas ficam no município de Vila Bela da Santíssima Trindade,
fronteira com a Bolívia, a 520 quilômetros de Cuiabá.
TRABALHO ESCRAVO
Na Fazenda Paredão, os fiscais identificaram péssimas condições nas
acomodações dos funcionários, com presença de galões de gasolina e vasilhames
de agrotóxicos. O MPE encaminhou fotos dos alojamentos para o Ministério do
Trabalho. Há suspeita de trabalho análogo à escravidão.
A operação já bloqueou R$ 108 milhões em bens, determinadas pela Justiça de Mato
Grosso por degradação ambiental em 51 propriedades rurais. A ex-esposa de
Padilha, Maria Eliane, também teve R$ 3 milhões bloqueados pela Justiça. Ela é sócia
do ministro em uma das fazendas. As decisões são do juiz Leonardo de Araújo
Costa Tumiati.
Em nota, Padilha não fez referências às armas. Apenas negou as acusações
de desmatamento: “Não cometi nenhum crime ambiental. Não extrai uma só árvore
na propriedade em questão”.
Fazendas ficam dentro do Parque Estadual Serra Ricardo Franco (Foto:
Reprodução/TVCA)
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