Trump, Lula americano, já muda cabeça da Europa, e coloca o neoliberalismo suicida de Temer pra correr
Cesar Fonseca em
20/11/2016
A realidade, tudo
indica, está se apresentando com sinais trocados: por exemplo, Trump joga o
mesmo jogo de Lula, que teve como vice um dos maiores empresários brasileiros,
José Alencar Gomes da Silva.
Vejamos: diante da
crise mundial de 2008, provocada pela especulação financeira patrocinada pelo
capitalismo especulativo nos Estados Unidos, o que fez Lula?
Mandou ver nos gastos públicos, apostou no mercado interno,
valorizou os salários, bombou benefícios sociais.
Pra que?
Óbvio, para gerar demanda para a indústria, que ia quebrar,
já estava quebrando, por falta de consumidor.
A história é recente e esclarecedora.
O presidente operário foi na contramão da onda neoliberal
que começara a assolar a Europa e, também, os Estados Unidos.
Nos países capitalistas ricos europeus, prosperou o discurso
da austeridade.
Aonde levou eles essa opção?
Os fatos estão aí: recessão, desemprego, instabilidade
política, imigração em massa.
De onde vieram os imigrantes?
Oriente Médio e África, trazendo de lá o pessoal
miserabilizado pelas políticas europeias e americanas para a região, de assalto
e morte à riqueza deles: petróleo.
Os miseráveis enchem, hoje, as ruas e praças de Paris,
Londres, Berlim, Roma etc.
Resultado: cresceu, entre os europeus, o xenofobismo, o
racismo, a direita radical etc e tal.
Os Estados Unidos, desde 2008, ano do crash, saíram pela
tangente.
O Banco Central americano colocou a taxa de juros na casa
dos zero ou negativo, para não afetar a dívida especulativa americana,
avolumada pelos derivativos que levaram o mercado imobiliário ao colapso.
Permitiram os custos irrisórios do dinheiro subsidiado pelo
governo por meio de expansões monetárias trilionárias que os setores produtivos
continuassem respirando, também, na especulação.
Não fosse essa jogada, os bancos teriam ido à bancarrota.
As dívidas dos consumidores inviabilizaram os mercados
internos e as terapias econômicas neoliberais, principalmente, na Europa, foram
desastres.
Na semana que passou,
por efeito da vitória de Trump, o BCE, apavorado com a possibilidade de a
Europa perder o bonde, jogou 50 bilhões de euros na circulação capitalista
europeia.
Os europeus, depois
de embarcarem no economicídio, que, agora, toma conta do Brasil, com Temer,
estão mudando de rumo, para evitar o caos, com instabilidade política, avanços
simultâneos de esquerda e direita com discursos radicais etc.
Diante da Europa em bancarrota, os ingleses pularam fora do
barco da União Europeia, com o fenômeno do Brexit.
Agora, emerge Trump, como resposta da esquerda americana(!)
ao direitismo de Obama, de priorizar a especulação financeira com expansão da
dívida, junto com bombeamento da indústria bélica e espacial, como arma para
tentar, sem conseguir, puxar demanda global.
Essa opção econômica direitista, guerreira, não produz, na
escala necessária, os empregos perdidos pela onda neoliberal, já que os setores
produtivos americanos migraram para a Ásia.
De lá, os asiáticos, especialmente, chineses, coreanos e
japoneses, mandam suas mercadorias baratas, para os sobrinhos de Tio Sam,
carentes de emprego e revoltados.
Hillary perdeu a eleição, como expressão máxima da direita
especulativa e guerreira, que prospera sempre nos Estados Unidos.
Os desempregados de Tio Sam e os imigrantes que inundam o
território americano votaram em Trump.
Que promete Trump?
Jogar 1 trilhão de
dólares na recuperação da infraestrutura americana.
Jogada keynesiana clássica: aumento da oferta de quantidade
de moeda na circulação capitalista.
Promove, dessa forma, 1 – aumento dos preços, 2 – diminuição
dos salários, 3 – juros baixos, sem ser negativo, e 4 – perdão da dívida
contraída a prazo.
Trata-se da combinação de quatro fatores que produzem,
segundo Keynes, a eficiência marginal do capital(lucro).
Eis o remédio eterno do capitalismo, que desperta, nos
empresários, o chamado espírito animal investidor.
Caso contrário, ele fica sonolento.
Ou seja, o papo furado dos neoliberais, entre eles os que
assessoram Temer, como Meirelles e cia ltda, não é solução, é problema.
Tentar resolver crise capitalista com recessão decorrente de
congelamento de gastos públicos por vinte anos, via PEC 55, em tramitação no
Senado, é, simplesmente, suicídio.
Trump saiu, diante da crise que abala o capitalismo
americano, com a solução Lula, adotada depois da bancarrota de 2008.
Em 2016, oito anos depois, os Estados Unidos ainda não
saíram do crash.
Isso não é novidade.
A crise de 1929 durou 14 anos, até 1943.
Roosevelt apostou no conselho de Keynes; elevou o deficit
público a 144% do PIB, como alternativa ao neoliberalismo que havia estourado
em 1929.
Ficam por aí, agora, esses neoliberais economicidas pregando
arrocho fiscal…
Há, há, há.
Se os Estados Unidos seguissem os conselhos deles não teriam
se transformado em potência mundial.
Ao contrário, seguiram o conselho de Keynes:
“Penso ser incompatível com a democracia capitalista que o
governo eleve seus gastos na escala necessária capaz de fazer valer a minha
tese – a do pleno emprego -, exceto em condições de guerra; se os Estados
Unidos se INSENSIBILIZAREM para a preparação das armas, aprenderão a conhecer
sua força.”
Os gastos bélicos e
espaciais são, portanto, pura destruição de capital para desviar o capitalismo
da produção de bens e serviços nos setores produtivos de modo a evitar
superoferta de produção e consequente queda de preços e deflação.
Afinal, apostar na
deflação, como disse Keynes, é um erro eterno.
É o que está tentando os neoliberais de Temer com a PEC 55.
Certamente, Trump não jogará na lata de lixo a indústria que
queima capital(indústria bélica e espacial), para salvar o capitalismo
produtivo; vai, certamente, manter a retórica guerreira, mas desviar parte da
destruição destinada à guerra para a infraestrutura nos Estados Unidos.
Os neoliberais de Temer estão confusos e desesperados: a
jogada de Trump puxa os juros aqui dentro do Brasil e bombeia a dívida pública.
Destrói o argumento central da PEC 55 de que se faz
necessário, como primeiro passo para vencer a crise, reduzir a relação
dívida/PIB, congelando, por vinte anos, os gastos primários, enquanto deixam
soltos os gastos financeiros, que levam à bancarrota financeira.
Irracionalidade monumental.
Quando ainda apenas sonhava em chegar à Casa Branca, Trump
manifestou admiração por Lula.
Teria sido uma inocência, ingenuidade?
A direita brasileira, com a PEC, mantém Lula mais vivo do
que nunca, porque o projeto dela é o da Hillary, candidata à derrota certa.
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