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Bolsonaro em gravação do discurso transmitido na ONU


 Venha se somar aos mais de 100.000 leitores cadastrados. joaodouradobiao@gmail.com O uso da palavra “cristofobia” no pronunciamento de Bolsonaro perante a Assembleia Geral da ONU causou certa perplexidade. Imediatamente surgiram algumas hipóteses para explica-la. A mais imediata e limitada dizia que isto era apenas uma das tantas ratas do pseudo-presidente, uma vez que, no Brasil, perseguidas são as religiões de ascendência afro, não as cristãs. Outra, mais avançada, dizia que isto não passava de mais um recado para a sua tropa fanática ou fascinada, ou ambas as coisas. Aí já há uma fumaça de verdade, ainda que não suficiente para esclarecer completamente o episódio. Por quê? Porque é necessário explicar também a circunstância: por que raios falar isto num pronunciamento mundial, potencialmente perante a representação de 193 nações, mais o pessoal dirigente da ONU, da UNESCO, da OMS, da OMC, a CIA, a sucessora da KGB na Rússia, o serviço secreto chinês, etc. etc. etc.? Devemos lembrar que o Brasil fazer o primeiro dos pronunciamentos perante a abertura da Assembleia Geral é um acontecimento histórico que remonta às origens da ONU, em meio à então nascente Guerra Fria, e à anterior participação da FEB na Segunda Guerra Mundial.* Daí resolvi me pôr a campo para tentar esclarecer a menção, levando em conta que o personagem é incapaz de ter um pensamento original. Ele deve ter ouvido isto de alguém e copiado na sua fala. A primeira coisa que constatei é que a “cristofobia” aparece em alguns pronunciamentos de deputados de sua gangue evangélica no Congresso. Bom, isto quer dizer que a palavra já frequentava este meio-ambiente. Fui adiante. Encontrei definições, desde as mais neutras: “pessoa que repudia o cristianismo”, até as mais militantes: “blasfêmia de quem rejeita Cristo, o salvador da humanidade”, e coisas mais ou menos assim. Mas prossegui. Furungando, como dizia meu pai, cheguei a duas figuras que têm tanto de patético quanto de sinistro. A primeira é um norte-americano, Allan C. Carlson, nascido em 1949, em Des Moines, capital do estado de Iowa, bem ao norte do Meio-Oeste norte-americano, região de grandes reacionarismos, ladeado por Illinois, Wisconsin, Minnesota, South Dakota, Nebraska e Missouri. Em Illinois e Minnesota, Hilary venceu. Nos outros, inclusive em Iowa, Trump: Wisconsin foi o estado decisivo com cujos votos - naquele sistema pseudamente democrático em que, às vezes, quem ganha no voto perde no colégio eleitoral, sempre favorecendo os republicanos - Trump garantiu a eleição. Allan C. Carlson é o fundador da World Conference of Families, Conferência Mundial das Famílias, fundada em 1997, descrita como uma organização de extrema-direita, anti-aborto, anti-casamento gay, etc., estas coisas, defesa da família tradicional heterossexual e cristã. Seu último encontro aconteceu em Sidney, na Austrália, e é uma organização com tentáculos, ops, ligações internacionais muito amplas. A segunda figura, também afincado militante anti-aborto, anti-feminismo, etc., é o alemão Mathias von Gersdorff, nascido em Santiago do Chile, em 1964, e agora sediado em Frankfurt-am-Main, um militante católico laico, e que, entre seus atributos, diz ser o representante oficial na Alemanha da TFP brasileira. Ou seja, os expoentes da luta contra a “cristofobia” são militantes contra tudo de progressista que existe a respeito de ampliar o conceito de “família” para além das fronteiras da tradicional família hetero, batalhadores de um moralismo retrógrado, como o de Bolsonaro e acólitos. Daí deu para entender porque a “cristofobia” faz sentido no Brasil. Seu domínio não é apenas a perseguição que haja contra cristãos em países onde isto acontece, ele compreende as “agressões” que os pobres cristãos tradicionalistas sofrem por parte destes aguerridos militantes que querem destruir a base do Ocidente, em todo o mundo, inclusive no Brasil: LGBTIs, feministas, defensores do estado laico, republicano, etc. etc. A frase de Bolsobnaro só revela seu sentido completo se complementada pela outra, a de que o Brasil é um “país cristão e conservador”. Ou seja, Bolsonaro quis se apresentar - para sua matilha, que seja - como um líder mundial deste conservadorismo mortífero e persecutório, além de paranoico e tresloucado. Assim, tudo fez sentido. Até porque seu ídolo - Trump - está a perigo. Estaria Bolsonaro farejando sucede-lo? E assim se apresentar para sua gangue?

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